EXCLUSIVO: Governo demite 2.080 extensionistas agrícolas em Maputo após críticas a projetos da era Nyusi
Maputo, Abril de 2025 – A Frente Agrária de Reconstrução (FAR), ligada ao Ministério da Agricultura de Moçambique, rescindiu os contratos de 2.080 extensionistas rurais em Maputo nesta quarta-feira, alegando "cumprimento de prazos contratuais". A decisão reacendeu críticas sobre o uso político de programas agrícolas durante o governo do ex-presidente Filipe Nyusi e do ex-ministro Celso Correia, chamado de "Super-Ministro" por sua atuação midiática em projetos agora considerados fracassados.
Os profissionais demitidos foram contratados entre 2020 e 2023 para implementar iniciativas de modernização agrícola, que prometiam "revolucionar o campo moçambicano". Porém, auditorias recentes revelaram que 76% desses projetos não entregaram resultados concretos, com comunidades rurais relatando falta de insumos, treinamento inadequado e abandono de áreas de cultivo. "Eles eram usados como atores em reportagens para simular sucesso", denunciou um extensionista demitido, que pediu anonimato.
A FAR classificou as demissões como parte de um "reajuste técnico" para reduzir gastos. Carlos Mazuze, porta-voz da entidade, afirmou: "Contratos temporários têm prazos. A gestão pública não pode ser sentimental". Já o Ministério da Agricultura, agora sob o governo de Daniel Chapo, não se pronunciou oficialmente, mas fontes internas sugerem que a medida busca "apagar marcas" de projetos vistos como "propaganda eleitoral".
Críticas e Protestos
A oposição e entidades civis reagiram. Ivone Soares, líder da RENAMO, acusou: "Demitem trabalhadores pobres, mas mantêm gestores com salários milionários". Já o Fórum de Monitoria Agrária (FMA) divulgou um relatório mostrando que 89% dos extensionistas nunca receberam treinamento adequado, apesar dos recursos gastos em publicidade governamental. "Venderam sonhos, mas o povo só viu poeira", resumiu Ana Macuácua, coordenadora do FMA.
Na manhã desta quinta-feira (24/04), dezenas de demitidos protestaram em frente ao Ministério da Agricultura com cartazes como "Não somos lixo político" e "Queremos trabalhar, não enganar". Joaquim Sitoe, 34 anos, desabafou: "Passamos anos fingindo progresso para as câmeras. Agora, somos descartados". Muitos relataram dívidas por custos não reembolsados em projetos "fantasmas".
Contexto Político
As demissões ocorrem durante uma revisão de contratos da era Nyusi, marcada por escândalos como o caso ProSavana e gastos excessivos em campanhas de imagem. O governo atual, que prometeu "austeridade", enfrenta o desafio de cortar custos sem ampliar crises sociais. "É fácil culpar os mais fracos. Difícil é reconstruir a credibilidade", avaliou o analista Hélder Macanda.
Próximos Passos
A FAR promete "recontratações seletivas" após 2026, mas organizações como a FAO pressionam por compensação aos demitidos. Enquanto isso, o Ministério Público investiga desvios em contratos agrícolas entre 2020 e 2024.
No campo, agricultores como Estefânia Mondlane, 58 anos, de Gaza, resumem a frustração: "Anunciaram tratores e colheitas milagrosas. Só esqueceram de dizer que era mentira". Leia mais....